CPI ouve engenheiro que disse que rachaduras nas casas foram por falta de manutenção — Rádio Senado
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CPI ouve engenheiro que disse que rachaduras nas casas foram por falta de manutenção

A CPI da Braskem ouviu nesta quarta-feira (24) o engenheiro Roberto Fernando dos Santos Faria, sócio da empresa Concrete, que em 2018 apresentou laudo que apontou a inexistência de problemas estruturais nas casas avaliadas e que atribuiu eventuais rachaduras à falta de zelo dos moradores. Os senadores ouviram, também, Marcelo Sousa de Assumpção, autor de estudo que questionou os parâmetros adotados pela CPRM ao apontar, nos anos 80, a instabilidade do terreno na região. Para o senador Omar Aziz (PSD-AM), presidente da CPI, trata-se de mais um laudo produzido para omitir a responsabilidade da Braskem.

24/04/2024, 20h53 - ATUALIZADO EM 25/04/2024, 09h14
Duração de áudio: 03:19
Foto: Pedro França/Agência Senado

Transcrição
A CPI DA BRASKEM OUVIU O ENGENHEIRO ROBERTO FARIAS, SÓCIO DA EMPRESA CONCRETE. A CONCRETE FEZ A AVALIAÇÃO DOS PROBLEMAS ESTRUTURAIS NAS CASAS SITUADAS NOS ARREDORES DAS MINAS DA BRASKEM. REPÓRTER CESAR MENDES: O Engenheiro Roberto Fernando dos Santos Farias apresentou, em 2018, o relatório técnico das inspeções nas estruturas de superfície situadas num raio de 50 metros das minas de sal-gema da Braskem, em Maceió. O laudo apontava a inexistência de problemas estruturais nas casas, muros e residências avaliados, afirmando que - abre aspas - "as manifestações patológicas existentes são decorrentes de deficiências tecnológicas ocorridas nas construções dessas estruturas e por falta de manutenção ao longo do tempo" - fecha aspas. Roberto Farias justificou seu parecer explicando para os senadores da CPI que foi contratado para fazer uma análise superficial e que seu relatório foi preliminar: (Roberto Fernando dos Santos) ''A minha opinião foi essa, sim, porque eu não tive acesso aos interiores das unidades, que não era permitido. Eu estava fazendo uma inspeção superficial, porque esse relatório era exatamente um pontapé inicial para o que aconteceu em seguida.'' Segundo o engenheiro, uma junta técnica composta pelas defesas civis local e nacional, além da própria Braskem, foi instalada posteriormente para identificar os imóveis em risco e realizar estudos mais aprofundados. Mas para o relator da CPI, Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, o laudo de Roberto Farias ajudou a manter a autorização de funcionamento da Braskem ao afirmar que a culpa pelas rachaduras nas construções era do desleixo dos moradores e não do desmoronamento do solo provocado pela mineração de sal-gema: (senador Rogério Caravalho) ''Mais uma vez, vemos aqui a atuação da Braskem na participação dela direta na entrega de dados ou de encomendas dirigidas para a produção de resultados e estudos que retirem o ônus da própria companhia sobre os danos causados na superfície onde tinha milhares de moradores na cidade de Maceió.'' Rodrigo Cunha, do Podemos de Alagoas, disse que ao afirmar que a culpa das rachaduras era dos próprios moradores, o relatório da Concrete assinado pelo engenheiro Roberto Farias revitimizou os moradores dos bairros afetados pela mineração de sal-gema em Maceió. Segundo Rodrigo Cunha, a CPI vai identificar o dolo da Braskem para que se possa entrar com ações criminais e buscar uma indenização justa para essas pessoas.  (senador Rodrigo Cunha) ''A falta de transparência da Braskem, a maneira subterfúgia em que revela informações aos poucos é realmente muito preocupante. A empresa fez tudo para fugir de suas responsabilidades, como ainda tenta até hoje.'' Os senadores ouviram, também, Marcelo Sousa de Assumpção, professor da USP e autor de um estudo que questionou os parâmetros adotados pela CPRM ao apontar, nos anos 80, a instabilidade do terreno na região das minas de sal-gema da Braskem em Maceió. Omar Aziz, presidente da CPI, disse que enquanto o estudo feito pelo serviço geológico do Brasil levou 11 meses, o do professor Marcelo levou apenas 29 dias e que, no seu entendimento, trata-se de mais um laudo produzido para omitir a responsabilidade da Braskem. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

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